Vou ser sincero não conhecia esta Senhora, apesar de ter convivido com algumas das obras dela, foi ela quem desenhou alguns dos azulejos do Metropolitano de Lisboa. Nasceu em Silves em 1914 e morreu à poucos dias em Lisboa com 97 anos. Hoje enquanto lia as noticias no site do Expresso vejo que existe uma noticia com uma entrevista que ela deu à algum tempo. Fiquei bastante impressionado, pela positiva, por algumas coisas que ela disse, e decidi partilhar aqui algumas das frases com que mais me impressionei, caso queiram ler a entrevista completa é só clicar aqui.
"Aquilo era tão extraordinário, tão revolucionário, que o Salazar fechou as fábricas todas. (...) Fecharam as fábricas e foi uma miséria. Era uma terra rica." sobre Silves
"Não tenho jeito nenhum para conviver com as pessoas. É uma desgraça. Vivo sozinha. Às vezes apetece-me ir à rua, mas não vou. As pedras da calçada são sempre as mesmas. Chego à porta e estão lá as mesmas coisas todos os dias. Não muda nada."
"(...) não há convívio sem comida. (...) Talvez esta seja uma civilização da comida"
"Ou sinto, ou vejo, mas explicar, é muito difícil para mim. Sei perceber, mas não sei explicar." sobre o facto de poder vir a dar aulas
"Dantes havia uns cafezinhos no Chiado, onde podíamos estar a tarde toda com um cafezinho e a conversar. Faziam-se grandes tertúlias. Havia a Brasileira, (...). Não punham ninguém na rua. (...) Discutíamos tudo, o mundo todo."
"Costuma dizer-se que a arte cultiva-se. No dia em que a terra estiver coberta de searas de arte, os frutos e o pão vão saber a tinta."
"Não tenho nenhum prazer em pintar. Desenhar sim. Nem sempre gosto de ver um quadro numa parede, porque por vezes gosto muito mais de uma bonita parede. Há paredes tão bonitas."
"Foi uma boa experiência. Éramos 12 mulheres fechadas numa cela. Fartámo-nos de trabalhar." sobre o facto de ter estado presa
"Era importante participar, porque tudo naquele tempo fazia revolta. Aquele tempo estava estragado. Os novos de hoje não podem imaginar como é que foi. Há coisas escritas, mas viver aquele tempo, era diferente." sobre a ditadura
"Então comecei a dar atenção e vi que aquilo não era para acreditar." sobre a catequese
"(...) não fazer nada que ofenda ou magoe os outros e ter uma atitude absolutamente limpa para lidar com as outras pessoas, sejam boas ou más. Ter um respeito total por mim." regra que ela adoptou para a sua vida
"Eu só via o que se avistava da janela, que por acaso era um sítio de passagem. Era uma coisa linda. Era fantástico. Tive tanta pena de não poder ir para a rua." sobre o 25 de Abril
"Deram-me um bilhete de avião e eu troquei por um de comboio, do InterRail."
"O Mundo é deslumbrante, mas não é bonito."
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